igreja matriz
domingo, 17 de julho de 2011
S.O.S cultura em uruoca
sou uruoquense, nasci e me criei tomando banho nos açudes velho, novo e calazar, tenho 28 anos de idade - não sou tão velho assim, concordem-, e nesse médio tempo de vida pude observar que, um povo aculturado ("sem cultura") é muito mais fácil de se manobrar. lembro que na minha infância e adolescência, os períodos mais esperados em uruoca eram a semana santa, as férias de julho e a festa da padroeira em agosto. se passava o resto do ano inteiro pensando em quando chegasse essas festividades, os parentes que iríamos ver, os amigos e conhecidos que moravam fora chegando, as pessoas novas que ainda não conhecíamos, tinha uma magia especial nessas épocas do ano. mas com o passar do tempo - quem é mais velho ou é da minha geração sabe - todas essas datas foram perdendo o encanto, e não foi feito nada por parte dos agentes administrativos da cidade para que essa identidade da cidade não se perdesse no tempo. fato é que no caso da semana santa, do ritual do judas, das barracas no açude novo, da festa dançante no sábado de aleluia, nada foi feito para se dar continuidade a um evento dessa natureza, onde havia além de um grande faturamento para o comércio local, um forte elo na manutenção da identidade cultural local. sobre a festa da padroeira de agosto, bastou o querido padre césar deixar de ser o pároco local para se acabar a imagem de um evento festivo, alegre e tradicional - com certeza o mais tradicional de todos - , onde eram esperados no dia 14 de agosto, uma imensidão de conterrâneos na missa, depois passeando pelas barracas montadas na rua do mercado, brincando no parque, e para encerrar a noite, a festa da banda na quadra e o black som como alternativa para os mais jovens, outro evento que perdeu o brilho, sem nenhum esforço mais uma vez dos agentes administrativos da cidade para dar continuidade a esta tradição. agora o que está padecendo também é o festival de quadrilhas nas férias de julho, evento esse não tão tradicional como uma festa de padroeira ou uma semana santa, pois começou por volta de 8 a 10 anos atrás - mas em comparação a estas duas voltadas para reforçar a identidade cultural dos conterrâneos em comum - já estava se tornado referência para a região, sendo considerado um evento de grande porte, servindo como referência para a cidade, agora está sendo enterrado também. desencontro de informações, falta de divulgação na mídia, querem acabar com o único evento de grande porte que ainda resta, enterrar de vez toda forma de representação cultural que identifique a nossa cidade. juro que, não fosse familiares e poucos amigos que tenho aí, não tenho nenhum atractivo para visitar uruoca, é triste dizer isso, mas assim como eu, conheço vários conterrâneos que pensam assim também. vamos acordar agentes, será que é isso o certo? um povo sem referências culturais é um povo triste, pobre e sem educação. vamos criar nas pessoas o orgulho de ser uruoquense, só podemos criar isso com uma cultura forte, enraizada, com pessoas felizes, ricas e educadas. Danilo Siqueira.
Assinar:
Postagens (Atom)